segunda-feira, 14 de novembro de 2005

Prefácio




Prefácio de “Tabus, perversões e outras catarses” 
por Charles Kiefer 

Idealizei este concurso, que resultou na vitória de Tabus, perversões e outras catarses, para valorizar o trabalho de meus inúmeros alunos e ex-alunos de oficinas literárias e, também, para colaborar na consolidação desse gênero tão esquivo e multifacetado que é o conto, mas não participei do julgamento. Deixei a tarefa, a mais difícil e espinhosa de todas, a uma escritora renomada, a um poeta e crítico literário dos maiores que já pisaram este solo e a um editor inquieto e criativo. Pela ordem, Valesca de Assis, Volnyr Santos e Roberto Schmitt-Prym. Aos três, a minha gratidão.

Desde sempre, dediquei-me à história curta, por considerá-la a melhor representação simbólica da modernidade. Cada época gera a sua imago mundi — a poesia épica, a comédia e a tragédia na Antiguidade Clássica; o romance em prosa, o folhetim e o conto na Idade Moderna. Da literatura em prosa, o conto me parece o objeto literário que melhor radiografa o frenesi das máquinas, a rapidez dos transportes, as neuroses do homem atual. Se o Zeitgeist existe, como o queriam os idealistas alemães, o conto é a impressão digital desse espírito do tempo. Nele podemos ler a pressa, a ansiedade, a patologia, a diversidade, a beleza e a feiúra dos tempos que correm.

Já no título, Rudiran Messias confessa que não escreve para agradar às academias, ao bom-mocismo estético, à sociedade de moral ilibada. Pelo contrário, o autor, com toda a veemência de juventude, com toda a iconoclastia e cinismo da geração pós-moderna, escreve para chocar. Se os formalistas russos estavam certos, ao afirmar que um dos elementos de literariedade é a ostronenie, o estranhamento, Rudiran Messias fez um livro que perdurará, provando que toda boa literatura é transgressora. Embora não inove na forma, seus temas, num ambiente cultural pouco arejado como o nosso, darão o que falar, gerarão um saudável espanto. De certo modo, Rudiran continua o trabalho iniciado por Lízia Pessin Adam, com seu Alfonso e eu. Sobre ela pesa, em nosso meio social, um silêncio revelador. Mas o que se cala, o que se faz calar, é o que grita mais alto depois, em todas as épocas e lugares. A seu tempo, Nelson Rodrigues foi mal lido, mal compreendido, mas hoje é considerado o melhor intérprete da hipocrisia social da classe média brasileira.

Rudiran, com talento e sinceridade, expõe os nossos tabus e transgressões, e gera a catarse inevitável, a purgação possível, a redenção purificadora.

Nós não somos assim, suspiramos ao final da leitura, acacianamente.
Charles Kiefer
(outubro de 2005)

sexta-feira, 4 de novembro de 2005

Press release - completo




“Provando que toda boa literatura é transgressora.” 


“A primeira letra – peça de encaixe. E as letras seguintes. Uma a uma emendando-se, pondo-se em ordem caoticamente. Por tentativa e erro; movidas pela intuição; guiadas por um demônio vadio. Com a caligrafia miúda, o escriba compõe palavras, com elas cria frases e com as frases inventa histórias.” * 

Dessa forma, surge um novo livro – e um novo autor na literatura brasileira. Rudiran Messias chega ao grande público apresentado pelo escritor Charles Kiefer, através do concurso lançado há um ano no Bar Opinião, em Porto Alegre, numa parceria com a Nova Prova Editora.

O concurso foi lançado durante a noite de lançamento da antologia 101 que contam, que selou a união do escritor com a editora para a busca promoção de novos talentos para a literatura gaúcha. Mais uma iniciativa do escritor Charles Kiefer, que ao longo de seus mais de 20 anos de carreira vem fomentando cultura no Rio Grande do Sul através de suas oficinas literárias e de iniciativas como esta.

Julgado pela escritora Valesca de Assis, pelo poeta e crítico literário Volnyr Santos e pelo editor Roberto Schmitt-Prym, o concurso recebeu os originais de livros de contos de alunos e ex-alunos das oficinas ministradas por Charles Kiefer, e resultou na vitória de Rudiran Messias, que estréia na literatura com seus Tabus, perversões e outras catarses em livro solo.

Com um texto moderno, incisivo, forte, Messias já foi publicado em antologias de concursos literários e em edições cooperativadas, como 101 que contam e Histórias de quinta (publicado no dia 13 do presente mês). O livro tem prefácio de Charles Kiefer , capa com ilustrações do artista plástico Leonilson (a obra da primeira capa encontra-se exposta, atualmente, no Centre Pompidour – França) e retratos do autor pelo fotógrafo Fernando Pires. A capa e o projeto gráfico foram feitas pelo próprio autor, que trabalha como diretor de arte em grandes agências de propaganda de Porto Alegre desde 1997 (Escala, SLM Ogilvy, GAD Design).

Em Tabus, perversões e outras catarses, o autor explora a linguagem e reflete o espírito de seu tempo, provando que toda boa literatura é transgressora**. O resultado é uma obra heterogênea e bem amarrada, onde a multiplicidade de vozes cria um universo próprio, para onde o leitor se vê jogado de repente: aprisionado por alguns instantes.

O lançamento oficial será durante uma grande festa literária pré-Feira do Livro no Bar Opinião, que já está em sua segunda edição e caminha para ser uma festa tradicional da literatura sul-riograndense. No evento também será lançada a antologia 102 que contam e o livro de mini-contos Brevíssimos! Ambos com organização de Charles Kiefer.

* Excerto do livro Tabus, perversões e outras catarses, de Rudiran Messias.
** Excerto do prefácio de Charles Kiefer

Press release - resumo



Tabus, perversões e outras catarses traz à cena novo autor gaúcho 

Na última terça-feira, dia 25, Rudiran Messias, vencedor do I Concurso Charles Kiefer de Livro de Contos, fez o lançamento oficial do livro Tabus, perversões e outras catarses, pela Nova Prova Editora, com ilustrações do artista plástico Leonilson e prefácio de Charles Kiefer. Já na noite de estréia, foram vendidos mais de 50 exemplares, o que é espantoso para a sessão de autógrafos de um autor iniciante. Ainda mais para um jovem escritor fora do eixo Rio - São Paulo.

Ousado em sua linguagem e temática, Messias é um autor que promete dar o que falar, como todo enfant terrible da literatura de qualquer época ou lugar. Sobre ele não se ouvirá unanimidades. Os leitores o amarão e o odiarão com a mesma intensidade com a qual o próprio autor põe a descoberto aquilo que nossa sociedade esconde.

O autor autografa na Feira do Livro de Porto Alegre, no dia 7 de novembro, no Pavilhão central de autógrafos – Praça da Alfândega.

O quê: Sessão de autógrafos do livro Tabus, perversões e outras catarses na
Feira do Livro de Porto Alegre.
Quando: 7 de novembro (segunda-feira) – 20h30.
Onde: Pavilhão central de autógrafos – Praça da Alfândega.