segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Procura-se editora

O livro Tabus, perversões e outras catarses teve uma edição local com tiragem de 300 exemplares, sem distribuição comercial, na cidade de Porto Alegre, no ano de 2005.

A edição foi uma premiação pelo I Concurso Charles Kiefer de Livro de Contos, e teve lançamento na Feira do Livro de Porto Alegre.

Atualmente, o livro está esgotado e disponível para publicação por editora com distribuição nacional.

Visualização do livro

segunda-feira, 14 de novembro de 2005

Prefácio




Prefácio de “Tabus, perversões e outras catarses” 
por Charles Kiefer 

Idealizei este concurso, que resultou na vitória de Tabus, perversões e outras catarses, para valorizar o trabalho de meus inúmeros alunos e ex-alunos de oficinas literárias e, também, para colaborar na consolidação desse gênero tão esquivo e multifacetado que é o conto, mas não participei do julgamento. Deixei a tarefa, a mais difícil e espinhosa de todas, a uma escritora renomada, a um poeta e crítico literário dos maiores que já pisaram este solo e a um editor inquieto e criativo. Pela ordem, Valesca de Assis, Volnyr Santos e Roberto Schmitt-Prym. Aos três, a minha gratidão.

Desde sempre, dediquei-me à história curta, por considerá-la a melhor representação simbólica da modernidade. Cada época gera a sua imago mundi — a poesia épica, a comédia e a tragédia na Antiguidade Clássica; o romance em prosa, o folhetim e o conto na Idade Moderna. Da literatura em prosa, o conto me parece o objeto literário que melhor radiografa o frenesi das máquinas, a rapidez dos transportes, as neuroses do homem atual. Se o Zeitgeist existe, como o queriam os idealistas alemães, o conto é a impressão digital desse espírito do tempo. Nele podemos ler a pressa, a ansiedade, a patologia, a diversidade, a beleza e a feiúra dos tempos que correm.

Já no título, Rudiran Messias confessa que não escreve para agradar às academias, ao bom-mocismo estético, à sociedade de moral ilibada. Pelo contrário, o autor, com toda a veemência de juventude, com toda a iconoclastia e cinismo da geração pós-moderna, escreve para chocar. Se os formalistas russos estavam certos, ao afirmar que um dos elementos de literariedade é a ostronenie, o estranhamento, Rudiran Messias fez um livro que perdurará, provando que toda boa literatura é transgressora. Embora não inove na forma, seus temas, num ambiente cultural pouco arejado como o nosso, darão o que falar, gerarão um saudável espanto. De certo modo, Rudiran continua o trabalho iniciado por Lízia Pessin Adam, com seu Alfonso e eu. Sobre ela pesa, em nosso meio social, um silêncio revelador. Mas o que se cala, o que se faz calar, é o que grita mais alto depois, em todas as épocas e lugares. A seu tempo, Nelson Rodrigues foi mal lido, mal compreendido, mas hoje é considerado o melhor intérprete da hipocrisia social da classe média brasileira.

Rudiran, com talento e sinceridade, expõe os nossos tabus e transgressões, e gera a catarse inevitável, a purgação possível, a redenção purificadora.

Nós não somos assim, suspiramos ao final da leitura, acacianamente.
Charles Kiefer
(outubro de 2005)